Como grande instituição e o maior clube português, decidi dedicar uma publicação inteira e longa a esse clube para realçar a longa e grandiosa história no futebol nacional e internacional.
Para que não haja algum tipo de especulação, irei referir-me apenas a factos.
Começando pelo início, o primeiro título no longínquo ano de 1930
Segundo o
regulamento, essa partida deveria ser disputada em campo neutro. Mas a
Associação de Futebol de Lisboa marcou o encontro para o Campo Grande, o terreno
de jogos do... Benfica. O benfiquista João de Oliveira estava suspenso por,
semanas antes, ter agredido um árbitro em jogo. À última da hora, este Oliveira
foi... “amnistiado” do seu castigo de oito meses podendo alinhar na final
contra o Barreirense.
O árbitro foi
designado Silvestre Rosmaninho, um dos sócios mais antigos do Benfica.
Guarda Redes do
Barreirense, Francisco Câmara, é dele a frase: “O primeiro título nacional do
Benfica foi extorquido ao Barreirense.
Quanto ao jogo, Zé
“Toupeira” inaugurou o marcador para os camarros. O Benfica empatou, num lance
ilegal sancionado por Rosmaninho em que adversários empurraram Câmara para
dentro da baliza antes de a bola entrar! No prolongamento, o “amnistiado” João
“Bananeira” marcou o segundo tento benfiquista. Com tal arbítrio os
barreirenses baixaram os braços. Veio o 1-3 final.
Chico Câmara
adiantou: “Passados uns anos leu-se que Silvestre Rosmaninho fora galardoado
pelo seu clube com a Águia de Ouro”. O seu a seu dono.
Futebol nacional
Calabote
Estamos em 22 de
Março de 1959. Hoje é conhecido o campeão nacional. São três da tarde e a bola
começa a rolar em todos os estádios. menos na Luz, o Benfica recebe a CUF e
sobe ao relvado dois minutos antes do início do jogo. A estratégia é retardar a
partida o máximo possível, de forma a saber o que se passa em Torres Vedras, no
Torreense-F. C. Porto.
Os dragões são
líderes com os mesmos pontos do que os rivais da Luz, mas com vantagem na
diferença de golos. Para ser campeão, o Benfica precisa de marcar mais cinco
golos do que aqueles que os portistas marcassem.
No campo do
Torreense, já se contam oito minutos de jogo, quando na Luz, Inocêncio João
Teixeira Calabote, árbitro internacional de Évora, faz soar pela primeira vez o
apito. A primeira parte corre de feição às águias que chegam ao intervalo a
vencer por 4-0, com os dois primeiros golos de penálti, o segundo dos quais
considerado inexistente por toda a crítica.
A vantagem era
insuficiente, uma vez que os portistas já tinham inaugurado o marcador. Na segunda
parte, já depois do golo de honra da CUF, o Benfica não demoraria a dilatar a
vantagem com mais dois golos, um deles de penálti. Os encarnados são
virtualmente campeões. Festeja-se na Luz, sofre-se nas Covas. Não por muito
tempo. O portista Noé faz o segundo golo e a festa volta a Torres Vedras. Por
pouco tempo também. De rajada, os benfiquistas fazem o 7-1, já o guarda-redes
Gama, da CUF, tinha sido substituído, a pedido dos colegas, num tarde muito
infeliz...
Porém, em cima do
minuto 90, Teixeira faz o 3-0 e volta a entregar o título ao F. C. Porto. O
jogo termina a seguir, mas não há campeão. Na Luz, ainda faltam jogar oito
minutos, mais os quatro de compensação concedidos por Calabote - que ainda
expulsou três jogadores da CUF -, quando, na altura, não era normal dar-se mais
do que dois. Foram 12 longos minutos de sofrimento em Torres Vedras, enquanto o
Benfica desesperava por mais um golo, que não veio a acontecer. A festa
mudava-se, de vez, para as Covas.
Poucos dias após o
mais dramático epílogo dos campeonatos, Calabote é alvo de inquérito federativo
e acusado de ter mentido no relatório, escrevendo que o jogo principiara às 15
horas e terminara às 16.42 horas. O árbitro de defende-se e diz que o seu
relógio é que vale. Nada feito. É acusado de corrupção, mas diz que nunca
recebeu um tostão. É irradiado uns meses mais tarde.
O livro sobre o "Caso Calabote", da
autoria do jornalista João Queiroz, editado em 2010 pela Quidnovi.
Futebol
nacional II
2 de Maio de 1981
Jogava-se o derby
lisboeta. O Sporting, a 10 pontos do rival já não aspirava ao título, mas o
Benfica não podia perder, sob pena de ser apanhado na classificação pelo FC
Porto. Resultado final: Benfica 1 - Sporting 1.
Árbitro: Inácio de Almeida.
Árbitro: Inácio de Almeida.
«O famoso jogo
marcado pelo erro grosseiro do árbitro Inácio de Almeida. Ele podia enganar-se,
mas o seu maior engano foi não ter admitido o equívoco num programa televisivo.
Eu ia com a bola desde o meio-campo, entrei na área e o Pietra deu-me um toque
por trás. O árbitro não assinalou penálti e virou as costas ao jogo.
Entretanto, naquela 'fossanguice' de recolocar a bola em jogo, o Bento
atrapalhou-se e deixou a bola fugir para o Jordão, que a tocou suavemente para
dentro da baliza. O árbitro vira-se e ainda hoje não sei o que lhe disse o fiscal
de linha. Anulou o golo e marcou falta do Jordão por pé em riste. Foi
inacreditável.»
Manuel Fernandes, jogador do Sporting
Manuel Fernandes, jogador do Sporting
«Foi uma grande
bronca e eu e o Humberto Coelho tivemos muita culpa. Aproveito para pedir
desculpa a Inácio de Almeida, que não tornou a apitar desde esse dia. Ele
confiou na lógica, ou seja, que o Bento agarrava a bola e a colocava em jogo.
Quando se gerou a confusão, eu e o Humberto apertámos com o árbitro e com o fiscal
de linha, que foi 'cobardolas'. Sentiu o peso do Terceiro Anel. Alegámos que o
Jordão tinha pontapeado as mãos do Bento, que devia estar com azeite nas luvas.
O Sporting foi prejudicado até porque esse jogo se revelou determinante, pois
tornou-nos virtuais campeões. Para ajudar à festa, o Chalana falhou um penálti e
o árbitro ordenou que o repetisse...»
João Alves, jogador do Benfica
João Alves, jogador do Benfica
O árbitro em causa,
que foi irradiado da arbitragem devido aos erros grosseiros que aqui se
descrevem, é hoje em dia um dos membros da Comissão de Análise da Arbitragem da
LPFP.
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