Sem saber como fui parar a esta situação, nem queria
acreditar!
Lá
estava eu entre elas as duas…
Corpos
suados, encostados, uma morena e uma loura, eram as fatias de pão numa sandes
em que eu era o conduto.
Num
movimento rápido a morena, que vamos chamar de Ana (não sei se é o nome
verdadeiro, pois nunca cheguei a perguntar), empurra-me para a Loura, a quem
vamos dar o nome de Joana (da mesma forma que a Ana, não perguntei o nome),
sinto-me empastado contra aquele corpo quente com seios salientes o suficiente
para me aconchegarem…
Os
nossos olhares fixam-se e ela num rodopiar continua a brincadeira e devolve-me
à Ana, que me recebe de costas com as nádegas empinadas a amortecer o impacto…
Sentia-me
um brinquedo no meio daquelas duas mulheres que mostravam bastante experiencia
naquelas andanças…
Eu
mesmo já sendo um adulto com alguma experiência de vida, parecia um menino
inocente e nervoso em vias de perder a virgindade.
Está
certo que nunca tinha estado numa situação destas, mas nunca pensei que
estivesse tão inocentemente inconsciente da realidade de certas coisas.
Talvez
devido ao nervosismo ou falta de experiência, não tive grande iniciativa ou
reacção ao que me estava a acontecer.
Mas
finalmente já me estava a ambientar e a lidar melhor com tudo aquilo, já
controlava melhor os meus movimentos cadenciados…
Estávamos
os três em pé e como a idade também já não perdoa, a força de pernas já não é a
mesma e até os joelhos tremem… Deixei de lutar contra o meu desconforto
psicológico e comecei a lutar contra as dores nas pernas, mas como macho-latino
que sou, sempre sem dizer um “ai” ou alguma expressão que o denunciasse…
Sinceramente,
cheguei a desejar não estar ali (sei que não é fácil de assumir).
O
à-vontade já estava instalado e as dores transformaram-se em dormência… estava
bem, quase quase confortável com tudo aquilo.
E foi
quando aconteceu, mais cedo do que estava a espera, num abrir e fechar de olhos
tudo acabou.
Tinha
chegado onde queria… restava-me sair dali.
Foi o
que fiz, sem olhar para trás e sem dizer uma palavra… Sem nomes ou contactos,
nunca mais as vi.
Adeus
Joana, adeus Ana, quem sabe um dia no voltaremos a encontrar noutra viagem de
metro.
Mas
definitivamente, não estou preparado para andar de transportes públicos numa
base diária…
Sem comentários:
Enviar um comentário