sexta-feira, 5 de abril de 2013

MÉNAGE





                Sem saber como fui parar a esta situação, nem queria acreditar!

                Lá estava eu entre elas as duas…

                Corpos suados, encostados, uma morena e uma loura, eram as fatias de pão numa sandes em que eu era o conduto.

                Num movimento rápido a morena, que vamos chamar de Ana (não sei se é o nome verdadeiro, pois nunca cheguei a perguntar), empurra-me para a Loura, a quem vamos dar o nome de Joana (da mesma forma que a Ana, não perguntei o nome), sinto-me empastado contra aquele corpo quente com seios salientes o suficiente para me aconchegarem…

                Os nossos olhares fixam-se e ela num rodopiar continua a brincadeira e devolve-me à Ana, que me recebe de costas com as nádegas empinadas a amortecer o impacto…

                Sentia-me um brinquedo no meio daquelas duas mulheres que mostravam bastante experiencia naquelas andanças…

                Eu mesmo já sendo um adulto com alguma experiência de vida, parecia um menino inocente e nervoso em vias de perder a virgindade.

                Está certo que nunca tinha estado numa situação destas, mas nunca pensei que estivesse tão inocentemente inconsciente da realidade de certas coisas.

                Talvez devido ao nervosismo ou falta de experiência, não tive grande iniciativa ou reacção ao que me estava a acontecer.

                Mas finalmente já me estava a ambientar e a lidar melhor com tudo aquilo, já controlava melhor os meus movimentos cadenciados…

                Estávamos os três em pé e como a idade também já não perdoa, a força de pernas já não é a mesma e até os joelhos tremem… Deixei de lutar contra o meu desconforto psicológico e comecei a lutar contra as dores nas pernas, mas como macho-latino que sou, sempre sem dizer um “ai” ou alguma expressão que o denunciasse…

                Sinceramente, cheguei a desejar não estar ali (sei que não é fácil de assumir).

                O à-vontade já estava instalado e as dores transformaram-se em dormência… estava bem, quase quase confortável com tudo aquilo.

                E foi quando aconteceu, mais cedo do que estava a espera, num abrir e fechar de olhos tudo acabou.

                Tinha chegado onde queria… restava-me sair dali.

                Foi o que fiz, sem olhar para trás e sem dizer uma palavra… Sem nomes ou contactos, nunca mais as vi.

                Adeus Joana, adeus Ana, quem sabe um dia no voltaremos a encontrar noutra viagem de metro.

                Mas definitivamente, não estou preparado para andar de transportes públicos numa base diária…     

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